terça-feira, 2 de abril de 2013

¨Porque se você ficar à morte só pode voltar para viver. ¨


 
E quando a vontade é de não fazer nada? Quando quase tudo parece não fazer sentido. Quando o pouco que te faz respirar é tudo que você quer. É só o que se quer... Sair por aí sem volta. Deixar o coração descansar e não pensar. Só ser e sentir. Agir por impulso. Sem responsabilidade ou amanhã. O agora, e que o depois seja só o depois. Esquecer que existe rotina, obrigação e prestação de contas. Pra que tudo isso? Quando chega o momento de colher os tais frutos, o que se plantou?

Parece difícil, melhor desistir, deixar pra lá. Mas não... Não é e nem poderia ser tão simples. Aquele alguém ou aquela alguma coisa aparece e te lembra que é preciso seguir em frente, que a vida não espera por você. As pessoas seguem mesmo se você não puder segui-las. Levantar a cabeça, o corpo, e seguir. Seguir com e para a vida. Porque se não for assim, não da.

Parafraseando Fernanda Montenegro: ¨Porque se você ficar à morte só pode voltar para viver. ¨ Não há outra escolha. Então, se por um momento, o nada pairar, volte correndo, fazendo força, pra vida.

De um lado o viver, ser dono de si, do outro, ser levado, sobreviver. Escolho a primeira maneira, mesmo que as vezes me falte garra ou mesmo esperança. Mesmo que as situações fujam ao controle, que aquilo que se quer demore pra vir, que o tempo passe. Persistir.

Cair e levantar, nunca desistir. Frases feitas, clichês, mas lotadas de verdade. Quando os momentos ruins vem, outros de luz tem que chegar. Eles não chegam sozinhos, não batem na porta do seu quarto sem serem convidados. Não... Os melhores vem porque você foi atrás, buscou uma mudança, uma novidade. Algo extra-ordinário, fora da rotina, lutou, acreditou na luta. Para poder se orgulhar, olhar no espelho e entender que dá pra fazer.

E o bom da vida parece ser isso mesmo: essa alternância entre momentos difíceis e momentos felizes. Sofremos, perdemos, ferimos e somos feridos. Um aviso: isso vai sempre acontecer. Faz parte do trajeto. A boa notícia é que parece existir uma força dentro da gente, escondida, tímida, mas que se mostra forte quando requisitada. Ela pode demorar. Mas chega. Chega chegando, falando alto, chutando o baixo astral e puxando para cima.

Assim espero...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

"E os sonhos devem ser substituídos!"


Mais de três meses sem escrever. Fico angustiada. É como se estivesse me afastando de mim. Perdendo-me novamente de mim mesma. Não da mais. Preciso voltar às palavras escritas, pois as que penso e falo não são mais suficientes. A palavra não escrita asfixia. Decido começar. Preparo o ambiente e o computador resolve não ligar. Ok. Desisto mais uma vez. Vou dormir. Fecho os olhos e começo a pensar em forma de texto. É, pensar tal qual um texto é escrito. "Sentir. Tocar. Olhar. Dar. Receber. Cheirar. Apertar. Abraçar." Chega! O silêncio, antigo habito, não me agrada mais. As palavras pensadas, no vazio do que penso, no volume zero. É preciso escrevê-las ou elas se apagam da minha mente a medida que adormeço. Recorro ao celular. E aqui estou. Empacada. Cheia de coisas a escrever. Enferrujada.
Por onde começar? Foi um ano daqueles! A vida mudou. Eu mudei. É difícil reconhecer a menina do ano passado e a menina de agora. Duas pessoas, uma só. Uma única alma que andava por aí procurando se encontrar. Foi preciso se perder para, enfim, se encontrar. Parece que se encontrou. Ainda perde o equilíbrio de vez em quando, tropeça, perde a visão por alguns instantes, titubeia em outros, mas segue segura, confortável, a vontade com o caminho que escolheu. Os passos agora são naturais. Engraçado. Parece algo como um ensaio para a vida de verdade. Essa, a partir de agora, é a sua vida de verdade, menina. Ela é sua. A trajetória pertence à você, somente à você. Chegou a hora de colher aquilo que, de maneira inconsciente, você plantou, mesmo sem saber se algum dia seria capaz de aproveitar. Pois é possível sim. Como num passe de mágicas, tudo parece possível. E mais um ano pode começar, lotado de esperanças e sonhos. Sonhos novos, diferentes dos de ontem, anteontem, amanhã. Só sonhos.
Uma promessa para o novo ano? Nunca, nunca, deixar de pertencer a mim mesma. Ser seu, ser fiel ao que se é, ao seus desejos, impulsos, pensamentos e emoções. Prometo isso para 2013. Já são quatro horas da manhã e me sinto mais inquieta. Escrever, para mim, é assim: te acorda para emoções adormecidas e te faz dormir com emoções vividas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Pra te lembrar


“Mais leve que o ar,
Tão doce de olhar
Que nem um adeus pode apagar...”

 
Era uma história de amor. É uma história de amor. Nenhum dos dois conseguia seguir em frente. Era quase impossível criar um caminho para frente. Eles só pensavam um no outro, o outro no um. O coração clamava pelo outro. Nenhum sorriso seria tão sincero quanto aqueles dois juntos. Juntos que formavam um. Uma sintonia que afirmava suas identidades e juntava suas almas. Seria a vida autora da separação. Só poderia ser ela... Eles não poderiam ser tão cegos assim ao ponto de se deixarem. Apenas deixarem, isso é verdade. Esquecer não dava. Meses se passavam e o vazio voltava. Histórias eram vividas e a saudade apertava. Primeiro começava na dúvida e depois na certeza que a dor era pela falta do outro. Dizem por aí que essa vida é uma só, mas eles pareciam ignorar. Submetiam seus corações à angustia do depois. Deixavam o romance para mais tarde. Talvez estejam certos. Preferem experimentar tudo aquilo que a vida oferece para depois, enfim, ficarem juntos para todo o fim. É certo que são volúveis. Tudo bem. Só não esqueçam que o tempo pode torná-los tão maduros a ponto de desacreditarem no amor. Perderem a fé nessa verdade, tão de vocês, só de vocês. Naquilo que só vocês sentem, quando estão juntos ou separados. Olha, é perigoso deixar o tempo levar. Ele pode levá-los para outros alguéns, diferentes de vocês. Tomem tento...

 

domingo, 5 de agosto de 2012


Eles vieram me visitar. Passaram a semana inteira comigo. Preparei suas refeições, os alimentei do mesmo jeito que fazia meses atrás. Brincamos todos os sete dias, como se não houvesse medo ou doença que impedisse esse contato. Botei no colo, nas costas, fiz cosquinha na barriga... O carinho era o mesmo, os sorrisos não mudaram em nada. Eram as minhas crianças, os anjos que tive que deixar na África. Assim como na vida real, tivemos que nos despedir. Não sei qual despedida foi mais dura. No sonho desta noite eram eles que partiam e me deixavam aqui, impotente diante do adeus. “Vocês vão me deixar?” perguntava eu a mais velha. Ela me responde com um sim mudo. E assim foram de mãos dadas pela porta da minha casa. O inconsciente prega cada peça na gente...

Nunca vou deixá-los. Estão entranhados em minha alma, no meu coração. Cada gesto, cada palavra não pronunciada ou compreendida de vocês, construiu quem sou e o que quero ser daqui para frente. Agora posso compreender o que é UBUNTU. Compreendo que, assim como “saudade” é uma palavra e um sentimento puramente brasileiro, Ubuntu é Africa. Não tem explicação, tradução, não é mensurável. O significado dessa ideologia só pode ser entendido quando vivido, experenciado na pele do abraço. Ubuntu, meus amores, minha vida, foram vocês que me ensinaram, sem que pudessem perceber.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Vai ser livre, passarinho.


Vai ser livre.
Fuja dessa gaiola.
Liberte-se.
Esqueça que um dia algo te prendeu.

Largue a angústia e o medo.
Respire e não se lembre da dor.

Infla o peito
de amor.

A dor não precisa existir.
Foi você quem inventou.
Desconstrua.

Deixe a energia fluir.
Solte asas, pernas e penas.
Solte tudo. Grite. Voa!

Livrai os pensamentos.
Livrai a cabeça.
Liberta a alma.

Aproveita a pouca idade e vai sonhar.
Vai buscar o que te importa.
Vai. Vai realizar.

Aceite o chamado da vida.
Sai do aprisionamento.
Escapa pelas grades. E voa...


Apodere-se da força que já tem.
Liberta-te a ti mesmo e
vai ser livre.

Se joga de peito no que aparecer.
Acolhe o que vier.

Agarra a vida, passarinho.

Agora, só agora, não pensa.
Segue o vento.

Segue para frente.

Vai sem caminho.

Escolhe o caminho.
Erra, tropeça, levanta, levanta voo.

Vai ser livre.
 

domingo, 29 de julho de 2012

Menos palavras ao vento


Mesa de bar, cabeças abaixadas, olhos fixos na tela do celular. Alguém tenta inserir algum assunto e nada de olhos ou ouvidos reagirem. Além da visão, a audição é outro sentido que ficou prejudicado por conta das modernidades tecnológicas. Porque se tornou tão difícil escutar o outro? Ouvir e ser ouvido. Falar com a certeza que haverá uma resposta de alguém que lhe presta atenção. Ouvir sem esperar nada em troca. Ter paciência para o relato do outro. Não é ficar calado durante horas de monólogos intermináveis e entediantes, mas de conversa. Desabafo, que seja.
É como se houvesse uma ânsia em derramar tudo aquilo que está guardado. Jogar palavras e frases para aqueles ou aquele que está ao lado. Mas quando chega a hora do outro falar sobre simplicidades do seu cotidiano, por exemplo, o foco muda e não existe mais espaço. Vira uma atividade solitária. Falar, se expor e perceber que não há escuta ou interesse. Como na música, são apenas palavras ao vento. Aos olhos do outro, descuidado, pode parecer besteira, que aquilo que está sendo contado não é nada demais. Na maioria das vezes é coisa demais, é importante demais. Experimente esquecer o celular, as mensagens, as atualizações. Quem importa, no momento, é quem está ali, não-virtual, que tem boca, ouvido e voz.
Cada um com seus problemas, com a importância de suas dúvidas, com a carga de seus sentimentos? Não deveria ser assim. É preciso compartilhar. Que haja mais respeito, amizade, atenção. Apure seus ouvidos para os seus amigos, parentes ou simplesmente conhecidos. Às vezes, três minutos de atenção exclusiva, sem desviar o olhar, ou um simples consentir com a cabeça ao final, podem aliviar muitas angústias. Escutar com cuidado. Ouvir sem censura. Procurar entender que naquele momento é melhor parar de falar, não interromper e saber a hora de se calar.
Falemos e escutemos uns aos outros, na mesma proporção.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Pare e pense um pouco mais.
Andar na rua sem rumo. Ir sozinho ao cinema no comecinho da tarde. Sentar na areia e olhar o mar. Acender um cigarro e conversar com a lua. Preparar o café e bebê-lo ainda quente. Sentar na poltrona e sentir o vento. Pegar sol.  É preciso ficar sozinho de vez em quando. Deixar as emoções aparecerem até que desabrochem. Quando se está em movimento não se consegue perceber o que acontece ou aconteceu lá dentro. Vivemos em um estado constante de transformação. Todo e qualquer acontecimento externo tem repercussão direta no que somos. Em tempos de dinamismo, parar para se observar é raro. Eu, pessoalmente, sinto falta e acredito na importância desse momento. Podemos continuar levantando e deitando todos os dias sem, ao menos, lembrar do que foi feito no dia anterior. É claro que podemos. Até chegar o momento em que semanas e meses se passaram, e não foi possível compreender, digerir ou refletir sobre nada.
Os dias são curtos, eu sei. Para alguns eles deveriam ter, no mínimo, trinta e seis horas. Basta valorizar alguns minutos, ou aqueles dias em que, finalmente, pensamos: “não tenho nada para fazer”. Aproveite para se escutar. O corpo e a mente falam mais do que imaginamos. Eles nos dizem, através de alguns sinais, o que devemos ouvir. Faça uso do nada. A sensação é de estranhamento quando não há nenhuma responsabilidade ou prazo para cumprir. Quando não há nada realmente que fazer, parece que o tempo para, ou que corre mais ainda. Estamos sempre funcionando, somos feitos de pensamentos e emoções. Então, quando o nada chegar, use. Faça o que te der vontade, o que te possibilite parar e entrar em contato com você. Quando estamos com o outro, com o grupo, nos comportamos de maneira diferente. Não digo falsa, mas diferente e, quem sabe, superficial. Acredito que no momento do nada, da solitude, podemos, enfim, conhecer quem somos e o que queremos.